Invalidação

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Invalidação

Não posso negar que um sorriso, entre irônico e amargo, brota no meu rosto quando leio coisas como essas: “as pessoas buscam validação”.

Está de moda essa palavra. E está de moda acreditar e pregar (e refiro-me aqui não somente aos gurus motivacionais que se postulam como mestres neste caminho do “bem”. Mas também a certas práticas reconhecidas dentro do campo da Psicologia) que as individualidades contemporâneas procuram de fato o próprio bem através de seus atos, desejos, decisões.

E que, além do mais, estão de fato procurando a validação. Essas ilusões, cedo ou tarde, e no melhor dos casos, caem por terra aos que se submetem ao tratamento psicoanalítico.

Quando uma análise está no caminho correto, que não necessariamente é ir em busca do caminho do “bem”, senão o de encontrar-se, seguir os rastros das suas verdades, muitas vezes amargas e que vão aparecendo a cada sessão, descobre-se que nenhum manual da happiness é verdadeiro.

Que a definição básica de uma estrutura neurótica é justamente buscar, sem saber, o caminho da invalidação.

Uma das definições de Lacan sobre o que é o inconsciente é: um saber não sabido.

Sem saber, os indivíduos caminham nessa direção. Garantindo que as coisas que implicam o seu desejo saiam errado, ou não saiam.

Que “dê ruim” os projetos onde o desejo se afirme ou valide uma posição desejante. Que esteja bem emaranhado o caminho entre o laço do desejo e sua posta em cena dentro do campo social, que permaneça somente no campo da fantasia, da ensonhaçāo diurna.

O neurótico, quando as coisas dão certo, diz: “não mereço. Tirem isso de mim”. Cedem o lugar, não o ocupam, acham caro o preço dessa ocupação.

E são esses os encontros que vão tendo numa análise, com o boicote e suas formas sutis de perseverar no próprio mal.

Gente, menos gurus e mais análise. O tempo passa.

Érica Raquel Rocha de Oliveira
Psicanalista
www.tuapsicologaonline.com

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Psicóloga formada pela Universidade de Palermo, Buenos Aires. Atualmente cursa Mestrado em Psicanálise na UBA e participa de discussões de casos clínicos lideradas por analistas da EOL. Tem experiência em coordenação de workshops e pesquisa crítica em conceitos psicanalíticos, com foco no atendimento em consultório particular.

Sobre Mim

Psicóloga brasileira com experiência em prática psicanalítica, especializada em terapia individual e pesquisa teórica. Atualmente cursa Mestrado em Psicanálise na UBA.

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